Wednesday, August 08, 2007

Lei do Aborto: CUIDADO COM AS PARCERIAS....










Neste Carnaval de mau gosto em que se vai transformando o cumprimento da Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez, vi há dias num jornal diário que havia apenas dois estabelecimentos privados com contratos com o S.N.S. para dar apoio aos Hospitais públicos.
E como um desses estabelecimentos tem o nome de uma santa, o que pode ser apenas uma coincidência, lembrei-me de fazer um aviso a certas pessoas.
Mas o melhor é fornecer os fundamentos da minha preocupação:


O bispo de Roma Eugénio Pacelli, que ficou para a História como Papa Pio XII, (1939-1958), ficou também conhecido como “o Papa de Hitler” por ter abençoado, pelo menos com o seu silêncio, o massacre dos Judeus nos campos da morte do regime nazi durante a Segunda Guerra Mundial (e muito antes, desde que Hitler ocupou a Polónia).
Sem mais delongas, fica assim apresentado como tendo sido tudo, menos um papa progressista, tanto quanto isso possa existir (o último que tentou sê-lo, só durou 33dias…).

Pois mesmo assim, foi esse pio XII que em 1951 decidiu autorizar os católicos a controlarem os nascimentos, usando o chamado “Método dos Ritmos” (mais tarde conhecido por método Ógino Knauss), que se baseava em umas contas e umas observações da temperatura da mulher, dirigidas à regularidade (quase sempre falível) dos ciclos de fertilidade.

Por causa da sua extrema falibilidade, o método ficou também conhecido por “Roleta Vaticana”.

Mas mesmo assim, foi o fim da doutrina da igreja de Roma que proibia todo o controle da natalidade, partindo do dogma de que as relações sexuais tinham como único fim a procriação.

Se esta revolução foi feita pelo Papa de Hitler, imagine-se como era a igreja de Roma antes dele.

Mesmo durante o seu longo reinado, a estrutura era de tal forma reaccionária e anquilozada, que o Concílio Vaticano II, convocado pelo seu sucessor João XXIII, tinha como objectivo vital a limpeza das ratazanas do Vaticano, para que a igreja tentasse relacionar-se com o Mundo como ele era e não como a cúria das ratazanas queria que ele fosse. E isso era considerado tão importante e difícil por João XXIII, que se recusou a ser operado a uma doença incurável sem cirurgia, para não abandonar os trabalhos do concílio às forças retrógradas da Casa, o que acabou por abreviar a sua morte.

Vieram os anos 60, e com eles o novo Papa e também a descoberta da pílula anticoncepcional.

O Papa João, morreu em 3 de Junho de 1963.
Mas antes de morrer, no ano de 1962, tinha constituído uma comissão consultiva composta por dezenas de pessoas, clérigos e leigos, teólogos, juristas, médicos, casais, historiadores, para aconselhar o Vaticano sobre que posição tomar sobre o controle da natalidade.

Paulo VI, que lhe sucedeu, alargou essa comissão para 68 membros. E a Comissão, em meados de 1966, apresentou o seu relatório aprovado por 64 votos a favor e 4 contra, onde defendia que a mudança da posição da igreja naquela matéria era possível e mesmo aconselhável (dentro do espírito do Concílio Vaticano II, claro).

Nada mudou até hoje, na posição da igreja de Roma, quarenta anos depois….

Mas o Vaticano passou as décadas de 60, 70 e 80, pelo menos, a recolher avultados lucros de uma empresa que possuía, o Instituto Farmacológico Sereno, que fabricava um contraceptivo oral chamado Luteolas....
(extraído de: David Yaloop, EM NOME DE DEUS – O ASSASSINATO DE JOÃO PAULO I, Publicações D. Quixote, Lisboa, 1985).

De modo que me lembrei de deixar um aviso às igrejas que andam por aí a fazer a pregação excomungante de todas as defesas da interrupção voluntária da gravidez:

Cuidado…. Com estas parcerias que há por aí no assalto ao Serviço Nacional de saúde, vejam lá não sejam accionistas de alguma clínica público-privada, público-pública ou privado-privada (desde que seja para sacar dinheiro ao Estado com a desculpa de que o estado não funciona, qualquer coisa serve), onde, afinal, se façam…..
uns abortozitos à factura….
Era de mau tom, não era?....