Monday, September 11, 2006

CRIME EM NOVA IORQUE



Este Governo dos USA,
é a maior tragédia que o Ocidente sofreu
depois da Segunda Guerra Mundial.

Escrevo nos últimos minutos de 11 de Setembro de 2006, quando já passou quase toda a campanha de intoxicação da opinião pública que foi feita à volta do quinto aniversário do crime de Nova Iorque, com a demolição das torres do World Trade Center durante as horas de expediente, apanhando indefesas milhares de pessoas
PARA A MORTE!

Sobre tudo isso, continuo a pensar o que disse quando alguém me interpelou sobre o que eu pensava daquilo, duas horas depois de ter visto em directo (CNN) o ataque do segundo avião e a queda das torres. Perguntaram-me se eu achava que seria o princípio da Terceira Guerra Mundial. E eu respondi que não, porque só há uma Guerra Mundial, que é a guerra dos ricos contra os pobres, dos poderosos contra os indefesos, dos terroristas de Estado contra o estado de Direito.
Isto é, não há uma Primeira, uma Segunda e uma Terceira Guerras Mundiais; o que há é uma guerra que é sempre a mesma, sob diversas máscaras, e que visa sempre o enriquecimento de alguns à custa da vida de todos os restantes.

Quanto às torres, disse eu duas horas depois, «se for o que me parece, é apenas uma grande conspiração.
Tão grande, tão grande, que o mundo nunca vai vê-la».

Passados cinco anos e cinco milhões de mentiras sobre os acontecimentos, continuo a pensar exactamente a mesma coisa.

Nem me vou perder em análises das possíveis verdades e mentiras que são apenas uma terceira edição dos assassinatos de J. Kenedy e de Martin Luter King, para as quais a Administração americana ainda não conseguiu, passados quarenta anos, arranjar uma explicação convincente para mentes inteligentes.

Retenho apenas, lateralmente, uma notícia que vinha no Le Monde de 10-11/09/2006, ontem, sobre umas outras vítimas do 11 e Setembro de 2001: os bombeiros e polícias e socorristas que trabalharam nos escombros das torres, estão atacados por doenças respiratórias, mais ou menos equivalentes à chamada “doença dos mineiros” (fibrose pulmonar).
É apenas mais um caso elucidativo da mais absoluta mediocridade social do sistema americano, como se verificou no escandaloso abandono das vítimas do furacão Katrina há um ano.
Mas passemos a palavra a Greg Barton, antigo agente da polícia de Nova Iorque: «Num dia éramos heróis da América, no outro somos invisíveis. Nós somos as novas vítimas do 11 de Setembro. Também fomos mortos no World Trade Center, só que demoramos cinco anos a morrer. E o nosso país, que nos saudou com flores e palmas e medalhas, esqueceu-se que nós existimos. A nossa Administração gasta 1,5 mil milhões de dólares por mês numa guerra originada numa mentira, e até hoje não tirou um dólar do orçamento federal para a assistência médica de centenas e centenas de pessoas contaminadas no World Trade Center (…)»
(PÚBLICO; 11/09/2006).

Mais palavras, para quê?

É o país das oportunidades…
de morrer na miséria.

Podemos sempre descansar sob a ideia de que
«aquilo é lá com eles»...

Pois é; mas fico tão triste... quando leio os jornalistas dos jornais chamados "de referência" portugueses que escrevem sobre

«o avião que se despenhou sobre o Pentágono»...

Podiam, ao menos, evitar o assunto...

Monday, September 04, 2006

A PADEIRA DE ALJUBARROTA



O chamado Campo de São Jorge, espaço temático evocativo da BAtalha de Aljubarrota, está a ser alvo da pressão de interesses imobiliários que o acham um desperdício.... Parece que a batalha, também não foi exactamente ali, mas um bocadinho mais a Leste... mas não é isso que eles dizem: o que eles dizem é que o terreno é muito, para o efeito da memória da batalha.
Isso truxe-me à ideia eum textozinho que escrevi sobre a Padeira, em 1992.
Mal eu sabia, que até o quintal haveríamos de lhe roubar, coitada...
da nossa identidade...


A PADEIRA

Não Brites!
Não me brites os neurónios,
com essa da pá do forno
contra Espanhóis de armadura.

Eu sei, que em Aljubarrota,
alguns de nós se venderam.
E logo os outros Te ergueram,
buscando em Ti, garota,
a glória que não tivemos.

Foi assim que começámos,
é assim que ainda somos:
uns, chegámos a Ceilão;
outros, à inquisição.
E enquanto o Grande Camões,
ia escrevendo os Lusíadas,
assinalados barões,
criavam as olimpíadas
da Nacional-Corrupção.

E assim, que daí p'ra cá,
foi mais isso o que fizemos.

E com tal jeito de momos,
que agora que, enfim, votámos,
alguns até transformámos
liberdade em ditadura.
Razões porque em Ti buscámos
a glória que não cuidámos,
razões porque em Ti buscamos,
a glória que não cuidamos.



Não Brites. Espera um bocado:
com esse pau requeimado
(o cabo da tua pá) ?
oh Brites!
( com mil demónios! )
essa história é um adorno
da Nação que não houvemos.

Mas sempre era a Nossa Pá:
nunca tivemos Nação,
mas havia a Tua Pá.

E agora, pá,
a europeização,
deu tal força às olimpíadas,
é tamanha a confusão,
que até mesmo a Tua Pá,
está em decomposição.

Brites, pá,
já nem sei se este povão, pá,
merecia a Tua Pá.


EUGÉNIO GOLIARDO
Alverca do Ribatejo, 24 de Maio de 1992



Notas:
Brites:
A Padeira de Aljubarrota, segundo a lenda, chamava-se Brites de Almeida;

Liberdade em ditadura:
alusão às maiorias absolutas de Cavaco Silva