Tuesday, October 05, 2010

NAUFRÁGIO DA REPÚBLICA


PORQUE
SEM PROTECÇÃO NA SAÚDE,
NÃO HÁ CIDADANIA!!!



O senhor Presidente da República, na sua mensagem de Ano Novo de 2008, colocou a necessidade de os Portugueses saberem para onde vai o País em matéria de cuidados de saúde.
Fez bem, ainda que tenha sido num dos seus Governos, enquanto primeiro-ministro, que alguém colocou o ovo da serpente no ninho da cotovia.
Para os que não se lembrem, o ovo da serpente foi o Decreto-Lei nº 19/88, de 21 de Janeiro, exactamente 20 anos antes. Foi aí que nasceu a destruição do Serviço Nacional de saúde, que tinha então cerca de dez anos depois de consolidado.
Foi nessa altura que se entregaram as direcções de alguns hospitais a «personalidades de reconhecido mérito» que não tinham de ser médicos nem administradores hospitalares (Decreto Regulamentar nº 3/88, de 22 de Janeiro). Sucederam-se, de imediato, estapafúrdias situações na privatização de cozinhas, lavandarias e… (pasme-se!) morgues. Já ninguém se lembra…


Num dos primeiros Hospitais onde isso foi instalado, veio a verificar-se que o concessionário da morgue era o habitual fornecedor de batatas e outros produtos hortículas. Enfim, a saturnália das morgues acabou, repentinamente, quando faleceu nesse Hospital o pai de um médico que, como se diz em "bom" Português, "os tinha no sítio"....

Resumindo, há cerca de vinte anos que o real poder económico, que é quem manda no aparente poder político, decidiu agarrar todas as áreas do Serviço Nacional de Saúde que a sua imaginação consiga vislumbrar, como transformáveis em fontes de lucros chorudos.
É assim que as coisas são e é isso que vai acontecer, seja qual for o Ministro, seja qual for o Governo, convém que seja de maioria absoluta, que a tarefa exige força e tempo...

Como ainda não vi ninguém contribuir com informação ou opiniões para a preocupação do Senhor Presidente da República, aqui vai o meu modesto contributo:

1 – Andam por aí umas pessoazinhas e umas instituiçõezinhas, (privadas, públicas, ou assim-assim…) todas muito contentinhas com os negóciozinhos que vão fazer na área dos cuidados de saúde;

2 – Mas esquecem-se que qualquer actividade que seja lançada no mundo dos negócios, fica imediatamente
sujeita às leis do mercado, isto é, à lei do mais forte;

3 – E assim, a primeira coisa que vai acontecer a esses negóciozinhos, é serem todos absorvidos por uma ou duas "grandes empresas" portuguesas;

4 – Acontece que Portugal é um país muito pequenino, perante outras empresas de outros países que estejam, e já estão, instaladas nesses negócios;

5 – E assim sendo, essas grandes empresas de países realmente grandes, olharão para as nossas “grandes empresas” como uma espécie de filiaizinhas de província (se alguém tiver dúvidas, olhe, com olhos de gente, para o que aconteceu no negócio dos funerais).

6 – Assim as olharão
e assim as engolirão.

7 - E então, por voltas do ano 2025, a saúde e a vida dos Portugueses, estarão dependentes da voracidade de lucros de empresas que, nessa altura, já nem serão portuguesas (já está a acontecer em outras áreas).

8 – Será tratado e/ou operado, quem tiver dinheiro para pagar à factura, tenha ou não tenha os tais seguros de saúde (que está por provar que sejam… de doença)

9 – Nessa altura, muitos dos actos médicos em Portugal serão praticados por médicos contratados nos saldos dos países menos desenvolvidos.

10 – E os médicos portugueses, muitos terão emigrado, e outros terão aceitado trabalhar
em condições miseráveis, comparadas com as que têm tido nos últimos trinta anos.

11 – A esperança média de vida dos Portugueses
terá descido entre 3 e 5 anos.

12 – E assim, a Segurança Social, nessa altura também já privatizada,
será um inesgotável e fabuloso negócio.

É para aqui que está a ir o País, em matéria de cuidados de saúde.

Se não for, em 2020 pedirei desculpas por ter-me enganado.

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