Friday, July 14, 2006

ZAPATERO: DECÊNCIA E SENTIDO DE ESTADO


Em 5 de Outubro de 2010, iremos comemorar os
Cem Anos da República?
Ou vamos apenas lembrar um Século sobre a abolição da monarquia…
sem anos de república?



«DECÊNCIA E SENTIDO DE ESTADO EM TODA A LINHA!»

As aspas do título são porque as palavras não são minhas: são extraídas do excelente trabalho do Prof. Vital Moreira saído no PÚBLICO de 11 de Julho de 2006, sobre a visita do Papa a Valência, Espanha, há dias e sobre a naturalíssima decisão de Rodríguez Zapatero, primeiro-ministro de Espanha, de não comparecer na missa a que o Papa presidiu nesse evento.

E não venham os defensores da constantinite da igreja de Roma (verdadeira praga que se abateu sobre a Europa há quase 1700anos)defender o contrário, porque o homem, sendo assumidamente ateu, não tinha nada que fazer na missa senão mais uma jornada de triste hipocrisia e ausência de sentido de Estado, como aquelas referidas por um representante do Vaticano, vindas de homens que fizeram a sua carreira política na suposta e encenada qualidade de comunistas.

Já em relação à presença do Presidente desta nossa República (?) numa missa papal em Fátima, bem, toda a gente tem os seus dias menos bons. Essa memória, tenho-a arrumadinha na mesma prateleira onde arrumei a legalização da barbárie de Barrancos. E se todos os artífices da opinião publicada em Portugal dizem que o senhor foi um bom Presidente da República (e em tudo o mais acho que foi), também não é por isso que vou ter opinião contrária.

O Estado do Vaticano, é uma anedota de mau gosto com quase quatrocentos anos de bafio (formalmente, só existe desde que foi reconhecido pelo fascista Mussolini, em 1929 (Tratado de Latrão), porque, tal como Hitler, precisava dos votos dos católicos para se manter no poder). É o que resta dos tempos em que o Papa tinha territórios (mais de 10% da Itália) e exércitos privados para cuidarem da sua guarda e respectivas pilhagens, mas tudo isso acabou há muito tempo (1860). Mas também não há urgência nenhuma em abolir essa classificação. A Humanidade ficava mais longe da Idade Média; mas, com tantos males maiores que a afligem, deixe-se lá estar o tal “Estado”.

E que os representantes dos Estados a sério visitem e recebam o representante desse “estado” com honras de Estado, bem, isso é como as Monarquias que ainda subsistem. Fazem hoje algum sentido? Mas também não fazem mal. Deixá-las estar. Sempre “dão” uns postais ilustrados…

Mas outra coisa bem diversa, é o representante desse tal “estado” que é o centro físico de uma religião que diz respeito apenas a cerca de 9% da Humanidade (ninguém sabe ao certo…Os cristãos serão cerca de 20% da Humanidade, mas ele só representa os católicos!!!), pensar que os dirigentes dos países que visita têm alguma obrigação, mesmo apenas de mera cortesia, de assistir (e logo caucionar politicamente), aos actos litúrgicos da sua religião.

E por isso esteve bem Rodríguez Zapatero, recebendo o Papa em recepção de boas-vindas e em audiência protocolar, enquanto Estadista, seja, mas escusando-se a assistir aos seus actos religiosos com os quais não tem nada a ver. Nada. Nem enquanto pessoa, e isso é do seu for íntimo, nem enquanto governante, e isso diz respeito a todos os cidadãos.

E esteve bem o Sr. Prof. Vital Moreira, quando utilizou o seu espaço no jornal para tratar desse assunto, com a clarividência e o sentido da História, da Lei e da Cidadania a que há muito nos habituou.

Porque se estas questões não forem tratadas como devem ser, então, em 5 de Outubro de 2010, não iremos comemorar os Cem Anos da República;
Iremos apenas lembrar um Século sobre a abolição da monarquia…
sem anos de república.

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